Fogos de artifício e carros alegóricos na capital japonesa da cerâmica

Para os Japonófilos de plantão, Gion Matsuri (ou Festival de Gion) é sinónimo da antiga capital imperial de Quioto no Japão. Hoje venho falar-vos de um outro festival do mesmo nome que acontece anualmente na capital japonesa da cerâmica (ou numa das regiões mais famosas pela produção de cerâmica artesanal): Mashiko, na província de Tochigi, a cerca de 150 kilómetros a norte de Tóquio.

De fato, o Festival de Gion de Mashiko tem raízes semelhantes às que levaram ao desenvolvimento de famoso Festival de Gion em Quioto: uma epidemia. A ideia de organizar um festival com multidões como solução para uma pandemia pode parcer em 2021 uma ideia aberradora, especialmente tendo em conta os desenvolvimento dos últimos 18 meses. No entanto, para os japoneses pré-modernos, a causa de pragas e epidemias acreditava estar relacionada à má sorte e à presença maus espíritos. Sendo assim, nada melhor que uma festa regada a sakê (álcool feito de arroz) para alegrar os deuses e rezar para que dias melhores virão.

Segundo a Associação Turística de Mashiko, o Festival de Gion da cidade remonta a 1705, quando uma praga levou à perda de colheitas e à morte de vários habitantes da região. Atualmente, a celebração é realizada todos os anos no final de julho durante três dias e inclui procissões dos santuários portáveis (mikoshi) durante o dia e fogos de artifício e paradas de carros alegóricos iluminados (chokoku yatai) durante a noite. A “Cerimônia de Recebimento de Sakê das Divindades” (Omiki Chodai Shiki), durante a qual dez líderes da comunidade bebem 6.5 litros de vinho de arroz de uma taça gigante, também acontece nesta ocasião.

Eu visitei o Festival de Gion em Julho de 2016 e o que mais me impressionou foram os tradicionais canhões de fogo (tezutsu hanabi  手筒花火) atirados à mão por uns senhores vestindo trajes tradicionais à prova de ignição. Feitos de tubos de bambu de cerca de 80 cm de comprimento, embrulhados em uma corda feita com palha de arroz e alimentado com até 3 kilos de pólvora, estes fogos de artifício acredita terem-se originado como uma forma de comunicação entre os castelos-fortaleza durante a Época dos Estados em Guerra (Sengoku Jidai) nos séculos 15 e 16.

Habitantes de Mashiko transportando o mikoshi (santuário portátil), Festival Gion. Julho de 2016.

Mais informações:

http://www.mashiko-kankou.org/english/index.html

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