Museu Etnográfico da Lousã

O Museu Etnográfico Dr. Louzã Henriques, inaugurado em 1990 e reaberto ao público após remusealização em setembro de 2020, conta com um acervo de peças com foco na vida rural das décadas de 1950 de 1960, provenientes da coleção municipal, assim como da coleção particular do Dr. Louzã Henriques, médico da região que muitas vezes atendia pacientes em troca de objetos agrícolas.

Atualmente, a exposição divide-se em dois eixos: no primeiro piso, objetos como arados e alfaias dão enfoque à transformação da terra; já o terceiro piso, divido em áreas que representam as quatro estações do ano, centra-se em tarefas como a olaria, fiação do linho, pastoreio, explorando a significação da terra através da sazonalidade.

A exposição temporária do segundo piso é dedicada à reinterpretação de objetos etnográficos do museu por designers, artesãos contemporâneos e universidades, compondo o projeto das Aldeias do Xisto pela ADXTUR denominado “Agricultura Lusitana”, inicialmente conceptualizado para representar Portugal na Eunique – International Fair for Applied Arts and Design, realizada em Karlsruhe na Alemanha em 2015.

Na primeira foto, duas “capuchas” de palha, usadas como capas de chuva pelos pastores nas serras das Beiras e Trás-os-Montes. Como curiosade, nota-se que objetos semelhantes existem também na região de Tohoku, no norte do Japão: são as chamadas Mino (蓑), usadas durante o trabalho agrícola como proteção contra a neve e chuva. Alternativamente, as capuchas portuguesas também podiam ser feitas em burel, um tecido preparado a partir da lã da ovelha bordadeira, típica da Serra da Estrela, que além de protegerem da chuva, neve e vento, protegiam também do sol e até do fogo, devido ao seu elevado ponto de fusão.

Trabalhador agrícola com capa de chuva (mino), cerca de 1870, Japão. Acervo do Metropolitan Museum of Art https://bit.ly/3qUtZfT

A segunda imagem no post do instagram em cima mostra objetos usados no dia à dia da cozinha que, além de espaço de preparação e consumo de alimentos e de área de convívio, servia também como espaço de trabalho, principalmente para atividades artesanais como a tecelagem ou a olaria, já que muitas vezes constituía o único ponto de aquecimento de toda a casa.

Na terceira imagem, uma canga (peça de madeira encaixada sobre a cabeça dos bois para serem atrelados a uma carroça ou a um arado), provavelmente usada exclusivamente em eventos festivos como procissões católicas e não no trabalho agrícola. Isto deve-se à sua decoração exuberante, que denota uma mistura de símbolos cristãos e pagãos, possivelmente uma herança da antiga cultura castreja da região, além dos detalhes decorativos nas partes superiores, feitos com crinas de cavalo.

Na quarta imagem vemos uma paredede de alfaias agrícolas, organizadas em função da sua estética e design ao invés de por região ou cronologia.

Finalmente, a última imagem mostra uma secção da exposição “Agricultura Lusitana” com objectos contemporâneos inspirados em objetos etnográficos no museu, em particular uma instalação com escadas usada para a apanha da azeitona.

Mais informações:

Museu Etnográfico Dr. Louzã Henriques

Rua João Luso, 3200-201, Lousã

239 990 040

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